Escritório de Quintal – Americanos sem Preconceitos

Não sendo mais um, batendo em cima da mesma tecla sobre quebra de paradigmas e divisor de águas e blá, blá, blá… há alguns dias assisti uma matéria em um telejornal dos canais fechados e essa em especial me chamou atenção.

Os Americanos se rendendo ao “Escritório de Quintal”!

Por que me chamou atenção? Explico. Quando comecei a trabalhar como Consultor na Área de Desenvolvimento, Implantação e Certificação de Sistemas de Gestão, apenas conhecido como um Ex-Executivo de grandes empresas e professor universitário, montei meu pequeno escritório no fundo da minha casa. No interior, essas dependências são conhecidas como edículas e comumente gozadas por alguns cosmopolitas como “ridículas”.

Enfim, num dia fantástico me ligaram pedindo uma visita para proposta e negociação para o desenvolvimento de um trabalho, junto a uma grande empresa de transportes. Uma das maiores do Brasil.

Tive o prazer duma conversa com o Diretor Presidente que muito atencioso durante todo o bate papo, ao encerrar, me perguntou: “onde é o seu escritório? Gostaria de conhecer”.

Naquele momento gelei, pois estava concorrendo com grandes empresas de consultorias dos maiores centros urbanos do Brasil e sendo eu um profissional experiente, ainda era o multifunção. Era o Diretor Executivo, o Consultor, o Tiozinho do café, o Financeiro e etc. E me perguntei infalivelmente: “E agora? O que respondo”?

Sem medo, mas um tanto encabulado disse que trabalhava em casa.

Dias depois, recebo uma ligação, informando que o projeto era meu e que passasse na empresa para assinar o contrato.

Esse megaempresário, tempos depois me contou que começou a vida da mesma forma. Pedindo para sua prima, fazer o papel de secretária para impressionar um possível cliente, para seu tio fazer o papel de 0800 para que um Cliente não ficasse sem resposta. E hoje ele é um dos maiores do Brasil.

Pequeno negócio? Não. Estava apenas começando.

Nos grandes centros, o home office sempre foi uma realidade. Uma prática de trabalho daqueles que já haviam conquistado estabilidade financeira e não precisavam mais se estressar em trânsitos e ficar trancados em escritórios o dia todo, pois vendem conhecimento e inteligência.

Em outras cidades, fora desses grandes centros, ainda é coisa de quem não tem dinheiro para vender uma imagem de vencedor.

A verdade é que a pandemia apenas ratificou uma tendência e encorajou os menos audaciosos a inventarem ou se adaptarem às novas formas de trabalho.

Os americanos descobriram o escritório de quintal, onde agora fazem dos seus quartinhos de dependências ou adaptam contêineres como escritórios, fazem uso da tecnologia e se livraram do trânsito, do terno engomadinho e da falta de estacionamento. E os brasileiros? Ah, os brasileiros, aleatórios à busca das facilidades e ainda preconceituosos, precisam ver na maioria das vezes aqueles que se dizem superiores tomarem atitudes simples, e aí sim, achar que é chique e bonito e fazer igual.

Mas, ainda é válido, mesmo que imitando. Atitudes como essas é que fazem com que alternativas criativas melhorem a qualidade de vida, perdendo menos tempo no transporte público ou particular, reduzindo custos de manutenção de veículos, respirando menos fumaça, convivendo mais com a família (mesmo que no almoço), ganhando uma hora ou mais para ir a academia ou mesmo assistir um filme, ler um livro… quanta coisa se é possível com o ganho de tempo!

Você deve estar curioso, pensando: e aí manteve a modalidade de se trabalhar dessa forma? A resposta é: Não. Por força da pressão mercadológica da época, montei um escritório, tive diversas pessoas que trabalharam comigo, tive um monte de custos operacionais, além de outras dores de cabeça. Fiquei rico? Não, não fiquei rico. Trabalhei mais ainda para poder bancar todos estes custos.

Mas, o tempo passou, a COVID 19 veio impor um novo velho jeito que eu havia experimentado.

E hoje trabalhando em casa, vejo os americanos em sua superioridade de conhecimentos técnicos, sobretudo de Administração de Empresas, adotarem o mesmo modelo de trabalho daqueles que estão iniciando ou que não tem condições de ter um super escritório num condomínio empresarial, mostrando que o importante é trabalhar e dar resultado e não vender aparência.

Você deseja participar dessa nova Era?

Think about it!!!

 

Sérgio Cintra Feijó – Consultor em Gestão Empresarial, Palestrante, Conferencista e Professor em Diversos MBA’s no Brasil. Sócio Diretor da Elos – Conexão Empresarial.

Sérgio Cintra FeijóPor em 19 janeiro, 2021